2 de setembro de 2008

revivida, invadida, indigesta e reedificada...




invadiu-me assim
como quem não podia mais esperar
passeou por entre meus poros e enfiou suas línguas por entre as minhas
Possuindo todo escarlate
e possuindo também os meus lábios foi que proclamou, infindo que parecia, os seus anseios
Por tanto, é assim que eu lhe escrevo hoje... entupida da tua invasão
Re-visitada... re-encontrada... na mesma métrica e rima
com o mesmo embalo daquelas pistas
Saudosa que estava da preta latina cigana muchacha que por mim e por vezes em mim habita
e que no ritmo da poesia da conterrânea periferia reencontra a alforria libertária para despir-se de seus medos
esculpiu-me assim
Intimamente perdendo e partindo, invadindo e sentindo, fazendo sentir e sem nenhum sentido... saindo sem ficar, ficando sem sair... sacudindo
Re-sentida incendiou como emergiu em minha pele
dono daquele mesmo apreço
espumava nas tuas palavras feito onda em dias de destempero
de todo o prazer que sentia
as suas pitadas íntimas
as suas picadas ínfimas
aquele seu desprezo corrosivo às minhas tranças
aquele seu líquido explosivo
que saia todo em um gemido festivo
afeto de tolo esse seu
diluindo as minhas crenças
carinho de bobo esse meu
destruindo as minhas verde-crianças
Mas ontem foi assim que suspendeu-me
Surpreendendo de leve
e em leveza subindo em mim a percepção
lá de cima já
invadida, fudida, enfeitada
eu vi:
era um edifício de mais de 365m
construído a cada uma medida um dia
assisti toda cena daquela erosão
toda corrosão sendo corrompida

Chorei em soluços por cada penetração íntima
por cada intimação penetrada
lamentei toda latência das minhas meninas nuas
e lembrei de todas as vezes em que você goleou naquela pelada
encontrei a sua ausente presença encantada
a sua nunca importada ou emocionada risada
ali, sentada nas ruínas daquele terreno baldio
Descalça e com a sola dos pés caleijada
Possuída na poesia da brasa que sedimentava os meus buracos e ruas
encontrei paredes rabiscadas pelas minhas e pelas tuas mãos
desenhos de letras-calçadas
sonhos de uma aventura entre as pernas mal contada
e foi assim que invadiu-me de novo
úmido
e naquele chão já sangrado
tudo pareceu estar pronto para ser replantado
uma teimosia me bate quando ele me invade
uma certeza me corrompe quando ele anuncia que não é preciso chamar o padre
pro defunto era tarde: Dado que já morreu, fedeu e fertilizou a terra
pro que era doido acionaria o alarme: Posto que já viveu, já sofreu e enloqueceu na espera
pro que era noivo serviria somente pra encarte... pois já tocou na bolha invisível dos parques, já soou na rede imaginária das telas conectaveis, já parou o trânsito desconexo, no meio da hora do rush para selar com um abraço sincero um novo tempo
um novo entendimento, um desconhecido outro entrelaçamento de almas e dedos

E como quem não podia mais esperar estava sedenta, com a boca sempre pronta para lavar, com a carne vermelha-indigesta para te sangrar... esmolando seu peito em espera para que os meus você venha logo estampar...

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