28 de fevereiro de 2009

pontosemespaço


(TEXTO E DESENHO POR TATA MUCHACHA)
... Dia após dia, escarrava aquela secreção indesejável, fazendo cuspir pregações ensopadas de desejo.Escorria nas coisas mais simples a sua compulsão, descrevendo sua vontade irritante sobre o corpo usado.Um apaixonante corpo usado pelo desprezo, vencido pelo desespero tragado de uma vida errante.Vestígios viciosos com rendas desnudas que mais pareciam o couro de um animal vulgar e vencido.

Noite após noite, em seus pensamentos, povoava a leveza daqueles lábios intocados de carne pura e escarlate. Enquanto isso outros lábios invadiam, com a língua, sua úmida cavidade íntima.Era assim que adormecia: sobre sua face enferma descansando a fúria dos seus seios em cólera, do seu peito em falta!

Não conseguindo o repouso, descrevia a paixão de seu corpo usado...


tudo não passava de um devaneio tolo de um ponto nãoseguidodoespaço

eu hei

Eu hei... Pois que há em mim o indivizível desejo já descoberto nas partes... Nos toldos das ruas da qual ando à parte
deve ter algum cinza indiscreto para revelar-me em minha arte
nunca com A de acadêmico maiúscula

4 de fevereiro de 2009

pó xadrez

às vezes decantava sua poeira sobre o meu ar
secando da manhã o orvalho que dava cor à vida
fuligem
pó xadrez do seu pigmento em mim