27 de dezembro de 2008

indizível




a leveza indizível do amor dissipou-se no peso úmido das minhas águas doídas
o nada foi trazido nos prantos para ocupar-se do posto das tuas carícias
o vazio que pus no lugar das tuas relíquias
hoje brindou a saudade de tudo que eu trouxe na língua daquela vida
ocupar-me disso deve ser recaída
ou pode ser a chuva que você fazia naquelas minhas ruas sem saída
submetendo às cores a minha alma insípida
ahhhh a leveza indizível do amor enforcou-se no peso úmido das minhas águas tingidas
a beleza fingiu-se de dor

e por fim sucumbiu-se à ela padecendo de arrependimento

se eu pudesse fazer outra coisa

insistiria em manter-me imune ao desejo da tua saliva

20 de dezembro de 2008

Torpedos: mensagens on line



Mensagem 1/3 (enviada)
trago no peito um sussurro doído de saudade ou de vontade mas que não pode esperar, por isso consola-me pensar q não te verei até q

Mensagem 2/3 (enviada)
chegue as boas novas do ano q se aproxima. E se estiver errada será bom poder antecipar o encontro com aquele q não sai mais do meu

Mensagem 3/3 (enviada)
pensamento.
desculpa
já não sei mais oq estou fazendo sigo os sopros do meu coração e não encontro freios agora bjok seu Preto feio!

Uma criatura

baseada nos últimos acontecimentos
por que não me serviam os meus aviamentos
apropriei-me do Machado para obrigar-me ao silêncio que se fazia necessário...
Bom divertimento!!!




Uma Criatura
Sei de uma criatura antiga e formidável,Que a si mesma devora os membros e as entranhas,Com a sofreguidão da fome insaciável.Habita juntamente os vales e as montanhas;E no mar, que se rasga, à maneira do abismo,Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.Traz impresso na fronte o obscuro despotismo;Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,Parece uma expansão de amor e egoísmo.Friamente contempla o desespero e o gozo,Gosta do colibri, como gosta do verme,E cinge ao coração o belo e o monstruoso.Para ela o chacal é, como a rola, inerme;E caminha na terra imperturbável, comoPelo vasto arealum vasto paquiderme.Na árvore que rebenta o seu primeiro gomoVem a folha, que lento e lento se desdobra,Depois a flor, depois o suspirado pomo.Pois essa criatura está em toda a obra:Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto,E é nesse destruir que as suas forças dobra.Ama de igual amor o poluto e o impoluto;Começa e recomeça uma perpétua lida;E sorrindo obedece ao divino estatuto.Tu dirás que é a morte; eu direi que é a vida.
Machado de Assis

18 de dezembro de 2008

Cartas a um amor inexistente



Quinta, 4 de Dezembro de 2008


Querido correspontente,


Não posso mais apropriar-me das palavras. Desde aquela outra língua, que não - Eu não tinha! - mas que eu queria... Desde que não falasse quando sobre a minha... Desde esse dia, que nada mais me basta e que nada além me encontra na coisa toda da palavra rebuscada. Apenas por que as intenções antecipam os verbos e tudo o que pode ser, teria sido feito sem pronúncias... Adiante tudo isso nesse tal de agora, o fim!
Sempre tua,


Tata Muchacha

13 de dezembro de 2008

Ilustrações de QuinhoAmor em palavras TataMuchachaAmorosa (Projeto de dois amigos que se encontram nas estórias sem medo/ Status: em desenvolvimento)


Querido amor de cartas correspondentes... Meu menino lindo,

Sobre o azul da tinta e outros planetas...

Aqui estava eu de novo. Voltada à minha gente, em casa! Desnuda com a minha terra, na mata. Descalça sobre a tua pele... NA MINHA!Escoltada por aquele meu calor nos trópicos do seu Câncer... resquícios de um não-entendimento e dessa coisa toda do SEU todo nunca vivido.
Sobre os meus seios, outras línguas, também vividas como a sua, mas mais antigas e medievais na estórica CARNE MINHA!
Não expus muito as minhas capitanias, estavam feridas de uma água ardente que eu continha e estavam também nas minhas coxas sempre virgens da tua boca ida, rodada e sempre nova quando volvia.
- Como viver sem isto?-agora me pergunto - e que mal havia nas entranhas dessa gostosa euforia?

Aqui, se me faltava o teu protagonismo fóbico, estava farta a mesa de coadjuvantes potenciais à loucura do acasalamento. Aos meus relevos, era o toque enriquecedor de que necessitavam os meus dedos. Tinta azul alagada de ensejos e muitos papéis em branco para deixar a impressão dos beijos. Vivo, por isto, até que bem com a minha família.

Aqui, a geografia dos meus desejos parecia instintiva, de solo vermelho e árido. Encontros de acaso em meio à caatinga... E os seus pelos na memória dos meus cheiros, banhados por um mediterrâneo meio ao meu afeto atlântico... Sal responsável pelo aquecimento dos meus globos, glóbulos de um rubro vulcânico ariando a pesquisa das planícies... Planos que voam com os ventos rochosos das tempestades que ainda viveremos.

Como derreter esses medos?- ourta vez me questinando- e que mal havia nas ilhas esfumaçadas dessa estrondosa harmonia?

Homem-Mulher-Homem-e tudo mais...

Mas aqui estava eu de novo quando, pela manhã, sentada à minha janela e indiscreta, olhando os restos no teu prato nú e lambendo os dedos antes de entupir-me da lua e saciar-me de tu; quando soube do seu câncer e não consigo dormir. Todavia, devo escovar-me os dentes e por-me calada a tentar. Amanhã, te trago as flores e NO PEITO e pago-lhe os amores e bem-feitos.

Com amor deformado,

Tata Muchacha


P.S e por que ainda estou aqui: Aqui está um trecho de amor para o nosso projeto, para um seu desejo e um nosso jeito de viver o certo.
Pra falar de dor, ainda que enfermos, é preciso antes saber "quem pagará as flores se morro de amores".

Ainda chego logo, por enquanto, não tem jeito. Assim que em outros planetas, te vejo.


14/12/2008