20 de abril de 2008

pausa: uma conversa sincera com papai do céu!


trilha sonora da leitura: aphex twin: avril 14th


obrigada papai do céu
por ter me dado o barro
quando eu quis modelar meu próprio vaso
por ter plantado em mim a semente
quando eu quis meu colher o fruto do meu próprio ventre
obrigada por ter me feito tão descrédula de mim
quando eu precisei acreditar em sorte
por ter me concedido a fórmula do chá de mim...
obrigada por ter me dado bons amigos
quando me faltou crença por conta de alguma dolorosa morte
obrigada pelos nãos
e por todos os afins;
obrigada papai do céu
pela herança da humilde família que carrego no sangue
obrigada por faltar quando eu precisava fazer meu próprio bang
obrigada por aparecer quando eu não podia mais ser meu próprio estanque
obrigada por colorir o mundo
obrigada por perfumar a flor
e por tudo que da terra é oriundo
obrigada papai do céu
não só por mim ou por meu filho
não pela minha acolhedora família
ou por meu elogiado jeitinho
mas por tudo!
e não só por hoje que a morte me fez chorar
e clamar por carinho
feito cão vagabundo
obrigada pelo mistério da fé
ou por não sabermos tanto quanto gostaríamos
ou por precisarmos confiar quando pagamos para nos tirarem o juízo
obrigada pela dor que dá
pelo amor que já encontrei
ou por aquele outro que ainda há de chegar
obrigada papi do céu
por todo esse isso em que me transformo
quando sou tocada pelo vento e posso agradecer o sopro!
obrigada papito do céu pela inocência perdida
pois é facilmente recuperada
obrigada pelos amigos que me foram dados de graça
obrigada papai do céu por cada uma dessas lágrimas
que me escorrem pura de gratidão
obrigada por depositar aqui a moeda do afeto que paga os gastos do meu coração
obrigada pela janete, pelo mauro, pelo rafael e pelas fernandas, pelas natálias, pelos marcelos, pelos allans, pelos fernandos, franciscos, paulos, pedros, isabels, pela única mindica (pequenina e admiravel avó) pelos olhos de Joaquim que nasceram verde e partiram azuis... por todas a marias e suelis, marílias e natalies, pelos alexs e fabianas, pelos luis e marianas, pelas anas que são júlias e pelos antonios e reinaldos, pelos marcos... e pelos JOãos
Obrigada papai do céu pelo mru prórpio JOão
que eu tanto quis ter solteira mesmo... e você sabe o quanto eu pedi... obrigada pelas cris... pelas elis e por tudo que eu fiz!
obrigada papai do céu... por tudo aquilo que aqui eu escondo e por me conceder o arrependimento quando eu erro!
obrigada mesmo

13 de abril de 2008

HOJE MESMO EU VI VOCÊ


HOJE MESMO EU VI VOCÊ!
pude sentir
e sentia!
HOJE MESMO NAQUELA GALERIA...
... NENHUM LAMENTO RECORDADO EM MIM CHORAVA!
MAS TALVEZ ALGUMA AGONIA
ALGO COMO A CHUVA
uma saudade que CHOVIA!
e eu que já nem sabia
eu que NEM SEI quando é que o seu Preto foi DIA
e se o ter pra você
era como eu o tinha
mas FOSSE O QUE FOSSE
lembrei-me dos passos
de todos os quartos que não existiram
de toda aquela brilhantina
e soube!
houve mesmo aquela última noite
em que levamos o nosso afinado baile para passear pelas ruas
que sorriam!
bebíamos cores na cidade cinza
e eu contava as flores das luzes que amanheciam
displicentemente
inocentemente culpada
sob o escasso momento da tua companhia
raiada na aurora inocente do sol
corrompendo a distância sem, enfim,
nenhuma mílicia
última noite de uma primeira vez
único dia depois de uma minha última primeira noite de primavera
singela e assustada malícia
era a primeira vez que eu podia
a única vez que teria
a última vez que seria
tormento
desejo e delícia!
e como aquela noite
que nem sei mais se foi dia
como aquela...
com VOCÊ
eu que não sabia antes
e hoje
HOJE MESMO QUE EU VI VOCÊ NA GALERIA
SOUBE
só aquela eu teria!
...

HOJE MESMO EU VI VOCÊ
nem doía
quisera fosse aquele outro tempo
doce como o mascavo daquele nosso chá preto
descalço sabor guiado de vento
pés nossos que seguiam
sem nenhum tormento
pés que podiam passos
passos que lambuzavam de quereres o momento
...

HOJE MESMO EU VI VOCÊ NAQUELA GALERIA...
nem perto chegeui
e quando cheguei
sabia...
era o cheiro da tua presença
era perfume da tua euforia
era o teu cheiro
e isso eu sabia
isso qualquer uma de mim reconhecia
da lembrança das pistas
daquele RASGADO PLATÃO dia
como pensei eu que esqueceria?
eramos admiradores das nossas companhias
não era carnaval
mas não faltava o neon
e não tinha muita neblina
e das serpentes
fizemos serpentinas
SÓ HOJE MESMO É QUE EU VI
ERA VOCÊ!
sem mentiras!
...

HOJE MESMO EU VI VOCÊ...
e nem no seu rosto eu olhei
só pude notar que com os SEUS olhos eu fiquei
cruzando-os com os meus que já quiseram
e que queriam
mas tudo era VOCÊ de um outro dia
UM vão
estampado em minha memória
MAS ERA VOCÊ salvo
ERA UM VOCÊ
E ERA TUDO SEU
NA MINHA POESIA
E HOJE QUE EU RÊ-VI VOCÊ
...
HOJE MESMO NAQUELA GALERIA...
EU QUE queria
nem queria
EU NEM MESMO EM VOCÊ amanhecia

e dentro da batida
dentro do meu peito
chovia!
e eu que nem queria
eu que quis
nadar por entre as gotas da tua alegria
pecar de vez em quando pra dançar com a minha menina
eu quiçá
QUERIA!
NÃO HOJE
MAS NAQUELES OUTROS VOCÊS DAS MINHAS FANTASIAS!

...